Brasil compra mais vinho do Chile e compensa impacto do tarifaço para exportadores do país vizinho
Garrafas de vinho Júlia Reis/g1 As exportações de vinho do Chile para o Brasil, seu principal mercado, aumentaram em 2025 e estão ajudando a compensar a que...

Garrafas de vinho Júlia Reis/g1 As exportações de vinho do Chile para o Brasil, seu principal mercado, aumentaram em 2025 e estão ajudando a compensar a queda nas vendas do país para os Estados Unidos, na esteira do tarifaço de Donald Trump. Os produtos chilenos estão taxados em 10% desde abril, quando Trump anunciou as chamadas "tarifas recíprocas" para a maior parte dos países. Diferentemente do Brasil, tarifado em 50% desde agosto, o Chile não foi alvo de sobretaxas. Dados da Wines of Chile, associação de produtores, mostram que os EUA, segundo maior mercado chileno, reduziram em 13% as compras nos primeiros sete meses do ano. “Passamos de tarifa zero para 10%”, disse Angelica Valenzuela, diretora comercial da Wines of Chile. “Sempre que há uma tarifa ou obstáculo, ocorre congelamento ou desaceleração [nas vendas].” Ela explicou que, no início, produtores e importadores absorveram o custo das tarifas. Com a manutenção do tarifaço, o valor começou a ser repassado ao consumidor americano. “O que vemos agora é um mercado americano menos dinâmico e em declínio”, acrescentou. Em compensação, o Brasil aumentou as compras e se consolidou como principal destino das exportações chilenas, com crescimento de quase 10% no período. O Chile representa quase metade do mercado de importação de vinhos do Brasil, disse Valenzuela, acrescentando que há “um enorme potencial de expansão.” De onde vem o vinho O número de consumidores regulares de vinho no Brasil está crescendo, especialmente entre mulheres e pessoas com maior renda disponível, segundo a diretora do Wines of Chile. Já as exportações chilenas para a China caíram quase 23% no mesmo período. Segundo Valenzuela, no entanto, isso ocorreu devido à redução do consumo local, que afetou vários exportadores. No geral, as exportações de vinho do Chile se mantiveram estáveis em 2025. Canadá, Japão, Irlanda e Coreia do Sul registraram crescimento, enquanto México, Holanda e Reino Unido apresentaram queda. Valenzuela afirmou que a estratégia de marketing do Chile agora se concentra em reforçar a imagem do país como fornecedor de vinhos premium e sustentáveis.